Reflexões sobre o amor: de uma quarentona celibatária

reflexões sobre o amor

Eis algumas de minhas reflexões sobre o amor. Você logo perceberá que não sou muito boa para tratar do assunto (risos). Talvez, por isso, eu esteja treinando o celibato.

Começo com algumas crenças que possuo sobre o tema:

  1. O amor  é muito bom, porém,  é trabalhoso.
  2. Não é um simples sentimento, mas um compromisso de ação e constante aprendizado.
  3. Ele precisa, necessariamente, começar dentro de nós. Não adianta apenas esperar do outro.
  4. É um embate entre  expectativa e desapego. Detesto a ideia de que o amor não deseja nada em troca.

Em linhas gerais, essas são minhas principais crenças sobre o amor. Falemos, portanto, com mais detalhes sobre cada uma.

reflexões sobre o amor

É bão, mas dá trabaio

Talvez uma das coisas mais comuns dentro dos relacionamentos românticos seja a acomodação. Aquela história de se sentir garantido(a) no coração do outro. E simplesmente parar de se esforçar para fazer o trem continuar dando certo.

Amor exige manutenção constante

É bom não romantizar tanto o amor romântico, pois o danado cobra seu preço. Não tem essa de “ e viveram felizes para sempre”, como se tudo funcionasse no piloto automático. O processo é trabalhoso.

Amor e comodismo são coisas que não combinam. A dinamicidade das relações amorosas demandam constante movimento, aprendizado e desapego.

O amor é como uma horta que precisa de constantes cuidados, a fim de que os frutos sejam consistentes e saudáveis.  

E eu já observei muito isso: de uma pessoa que, quando acredita que finalmente garantiu cadeira cativa no coração alheio, se esparrama pelo chão, feito uma erva daninha.

Se o outro tiver  boa autoestima e alguma noção de dignidade própria, sai correndo. Caso contrário, arrisca-se a viver um relacionamento pouco  amoroso.

Nessas reflexões sobre o amor, não tenho interesse em dar dicas ou conselhos, mas talvez valha a pena pensar: estou disposto a trabalhar continuamente por um relacionamento que valha a pena?

Não é um simples sentimento, mas um compromisso de ação e aprendizado

O amor demanda aprendizado constante. Amor é movimento.

Começar a amar uma pessoa é iniciar um processo de conhecimentos sobre ela. E nesse processo haverá muitos equívocos, acertos, desarmonias e encantos. É  preciso ter calma e consciência de que estamos aprendendo a lidar um com o outro. E, sim, isso leva algum tempo.

Foi até por isso que fiz a música Aprendendo a Amar, que acho que combina muito com essas reflexões sobre o amor.

Muitas vezes você perceberá que certa maneira de falar incomoda. Certa maneira de olhar constrange. Algumas carícias podem irritar, e etc…

É com muito diálogo e vontade de realmente compreender como o outro funciona que as barreiras são superadas, ou não. Em alguns casos é exatamente o diálogo e a convivência que deixarão  claro que aquele casal é completamente disfuncional. Um não se adaptará ao jeito do outro. E tudo bem!

 Daí é preciso ter o equilíbrio e visão de longo prazo. Saber que em pouco tempo aquela paixão se tornará, quase que inevitavelmente, um fardo. E talvez seja melhor deixar doer no começo ao enfrentar uma separação, do que deixar o barco andar e criar ainda mais vínculos. O que acarretará em um doloroso rompimento.

Carpe Diem

É claro que o casal, ou uma das partes, pode levar a sério o conceito do carpe diem. Viva o momento e deixe as consequências para o futuro. Vamos simplesmente curtir o agora.

E também está tudo bem fazer essa escolha! Cada um sabe o que é importante para si,  ou o que aguenta. Só não pode depois ficar de chororô. Ou seja, é preciso assumir as consequências da escolha e seguir em frente.

Voltando à questão do aprendizado:

Sabemos que um casal pode perceber que “não dará certo”, pelo menos numa perspectiva de longo prazo.

Porém, se ambos perceberem que é possível fazer ajustes. Caso percebam  que é possível aprender como o outro funciona e sente. Se compreenderem que há mais afinidades que diferenças, é o momento de a humildade entrar em campo, e cada um se dispor a adotar novos comportamentos, assim como desistir de outros.

É um conjunto. Trata-se de uma disposição sincera e recíproca. Que obviamente exige tempo e paciência.

Por isso eu repito: o trem é trabalhoso, sô!

Lembro-me de uma vez em que estava “namorando” uma pessoa extremamente sensível (até demais). E eu tenho um certo jeito ogro de ser. Por mais que eu tente amenizá-lo, continua sendo um ogro com alguma maquiagem. Contudo, não nega a natureza.

E tudo bem!

Em pouco tempo percebi que, por mais que nos gostássemos sinceramente, aquele relacionamento não duraria muito. Os conflitos eram inevitáveis. A cada palavra minha era um drama horroroso do outro lado. E eu, por outro lado, me sentia constantemente pisando em ovos.

É claro que terminamos. Contudo, para mim ficou a clara lição:

– Cíntia, você é incompatível com pessoas muito sensíveis, ou com pessoas que só gostam de receber elogios, e não aguentam uma zoeira. E tudo bem!

Basta da próxima vez tentar observar isso com mais atenção. Além, é claro, de tentar amansar um tiquim esse ogro que em ti habita (risos).

Mas o importante é: procure pessoas flexíveis e/ou duronas, e  que possuam um bom senso de  humor. Pronto!

Um dever de casa

Antes de entrar em um relacionamento, deixar o lado racional agir também. Avaliar possíveis compatibilidades e entraves. Ou seja, deixar a razão bater um papo com a deliciosa atração.

Enfim, em todo caso simplesmente não há garantias no amor! Tudo pode dar muito certo, ou dar muito errado, porque se trata de duas pessoas e, portanto, não podemos garantir o comportamento do outro. No entanto, podemos tentar ser mais reflexivos.

Começa em nós mesmos!

Acredito que o sentido do amor seja o compartilhamento. E só podemos compartilhar o que temos. Só oferecemos aquilo que possuímos.

No sentido do amor, é preciso ter para dar.

É preciso ter alguma boa dose de amor dentro de si, para oferecer ao de fora.

E não é qualquer tipo de amor, ou ilusão de amor.

O mestre Jesus deixou bem claro o segundo mandamento mais importante da doutrina cristã:

– Ame a teu próximo, COMO A TI MESMO.

Fica muito fácil entender que a qualidade do amor que você oferece a si, será a qualidade do amor que você oferecerá ao outro. Ah! Como é importante realmente internalizar isso.

Portanto, se o amor que você oferece a si é raquítico e doentio. Acredite: você estará oferecendo isso a quem lhe faz parceria. E muitas vezes lhe será difícil compreender o por quê de a pessoa não gostar.

– Mas eu me esforço tanto! Eu dou tanto!

Sim, é verdade, mas você oferece um “produto” de baixa qualidade. E, dessa forma, não espere colher algo diferente, afinal: o fruto costuma ser da mesma espécie da semente.

Dessa forma, a solução é melhorar cada vez mais a qualidade do seu amor-próprio. Quanto mais você SE ama, de verdade, mais estará apto a amar o outro.  É quase lógico: ame a teu próximo como A TI MESMO.

E é fácil constatar que, quanto mais nos amamos, mais calmos e conscientes nos tornamos. Mais desenvolvemos equilíbrio para tomar decisões refletidas, e não apenas por impulso.

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Bulufas que não quer nada em troca

Se você quiser me irritar um tiquim, é só falar que o amor é puro e não quer nada em troca! Tenho pavor dessa frase. Deve ser uma das fake news mais antigas do planeta Terra. E não me importa onde está escrito isso, ou quem escreveu. Considero uma fantasia  pensar assim.

Existem as leis universais, as quais respeito muitíssimo. E talvez uma das mais famosas seja a LEI DA SEMEADURA. Aquela que diz:

– você colhe o que planta, ou

– você precisa plantar caso queira colher algo.

Agora,  me diga quem, em sã consciência e saúde emocional, vai passar a vida inteira plantando amor na vida do outro pra colher vento, pra colher ingratidão,  indiferença?

Alguns dirão que se trata de uma pessoa muito santa. Mas eu digo que se trata de uma pessoa adoecida e sem amor próprio.

Amor é cumplicidade, é via de mão dupla, é um investimento de longo prazo. Se não for pra ser assim, não vale a pena.

Uma coisa é viver colocando expectativa no que é externo a nós. Ficar esperando que o outro retribua de tal e tal jeito.

Eu dei um abraço, quero um abraço de volta.

Pois talvez o amor da sua vida não goste muito de pegação. E irá lhe retribuir o abraço com as vasilhas da pia devidamente lavadas, ou com uma caixa de seus bombons preferidos.

É preciso não colocar uma expectativa irrestrita na colheita. Determinar exatamente o que deseja colher, do jeito exato que você espera.

Talvez isso, sim, cause grandes frustrações, pois não aprendemos a compreender como é a forma de o outro expressar amor.

Agora… outra coisa é você viver com gente ingrata, indiferente, egoísta. Gente que só quer receber, sem dar nada em troca.

Nem o Deus cristão, da bíblia, aceita isso. Ele deixa bem claro que exige ser louvado e ainda ser o único. O Deus cristão promete muitas coisas boas, A QUEM LHE OBEDECE.

Inúmeras vezes O vemos  “tocando o terror” em povos que supostamente o teriam ignorado, desprezado SUAS leis. E vem me dizer que isso é não querer nada em troca?

Não existe essa de: eu amo sem esperar contrapartida.

Larga disso!

Voltando à ideia da lei da semeadura

É preciso encontrar uma boa terra na qual plantar suas sementes. Você terá de adubá-la, terá de cuidar das sementes até que se tornem mudas. Cuidar das mudas até que se tornem plantas produtivas.

De igual maneira, investimos amor, carinho, atenção, cuidados a um outro ser humano, esperando reciprocidade. Esperando receber atenção, cuidado, amparo. E se não for assim: sai fora! Vaza desse relacionamento antes que ele lhe adoeça.

Conclusão: reflexões sobre o amor

Amar dá trabalho; exige humildade e aprendizado constante; amar é uma semeadura, logo, uma colheita; e sempre começa em nós mesmos.

Essas são algumas breves reflexões sobre o amor, de uma quarentona que nunca foi muito especialista nesta área. Porém, são coisas que aprendi no trabalho, no convívio com outras pessoas, e na minha vida pessoal, e talvez sejam úteis a alguém.

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No mais, desejo-lhe sucesso, saúde e serenidade.

Cintia Amorim.

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